Pescador e Violeiro
Luiz Fernando e João Pinheiro
Sexta-feira de manhã
Estava com muita neblina
Peguei meu feixe de vara
Samburá e a carabina
Na beira do São Tomé
Ai, ai, fui chegando na surdina
Lá no pé da sangra d’água
Bem na ceva de corvina
Jogo o farelo no poço
Num instante a vara inclina
Pra pegar peixe graúdo
Ai, ai, eu não uso linha fina
No poço que não dá nada
A gente não desanima
Faço um cigarro de palha
Que tem pouca nicotina
Cochilo uma meia hora
Ai, ai, aqui ninguém me azucrina
A maré que vem rodando
No barranco faz capina
O socó voando passa
Sempre na mesma rotina
Passo o tempo ali sentado
Ai, ai, vendo a criação divina
Eu também sou violeiro
E canto com disciplina
Junto com o meu parceiro
É um dueto que combina
Eu canto dentro da linha
Ai, ai, por isso Deus me ilumina
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