Em Algum Lugar do Passado
Luiz Fernando e João Pinheiro
Às vezes em sono profundo
A minha mente vagava
Ao invés de cimento armado
No sertão eu me encontrava
Por paragens desconhecidas
Com frequência eu andava
Cenas hoje esquecidas
Talvez em alguma outra vida
A minha alma buscava
Vejo um velho casarão
No fundo a lagoa formosa
Assoalho de tábua corrida
Acabamento de peroba rosa
Na frente uma grande figueira
Com sua copada frondosa
Vejo um caboclo contente
Naquele lugar diferente
Imagem pra mim curiosa
Num rancho lá do terreiro
Toda a tralha guardada
Uma espingarda chumbeira
Com sua coronha lascada
O samburá e as varas
Em dois ganchos penduradas
Uma pedra fiadeira
Facão, enxada e peneira
E o couro da onça pintada
Ouvi da grande doutrina
O ensinamento correto
Em algum lugar do passado
Deixei algo concreto
E nas trilhas já percorridas
Caminhos por mim incompletos
Os sonhos que não entendia
Agora já compreendia
São obras do grande arquiteto
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