A Peleja do Diabo Com o Dono do Céu

A Luta Eterna entre Ganância e Virtude em 'A Peleja do Diabo Com o Dono do Céu'

A música 'A Peleja do Diabo Com o Dono do Céu', de Zé Ramalho, é uma obra que mergulha nas profundezas da condição humana, explorando temas como ganância, moralidade e a eterna luta entre o bem e o mal. Através de uma narrativa poética, o cantor e compositor nordestino tece uma crítica social e existencial, utilizando-se de metáforas e simbolismos para retratar a realidade de um mundo onde os valores estão em constante disputa.

No primeiro verso, Zé Ramalho aborda a desigualdade e a cobiça, onde aqueles que têm recursos desejam sempre mais, enquanto os desfavorecidos clamam por uma parcela de riqueza. A terra e seus recursos, incluindo a 'planície dos sonhos', são alvos dessa cobiça insaciável, simbolizando não apenas a ganância material, mas também a usurpação dos espaços de paz e esperança. A repetição da frase 'Que eu não vim de longe para me enganar' reforça a determinação do eu lírico em não ser iludido por promessas vazias de um mundo melhor.

A segunda estrofe traz imagens do cotidiano, com a humanidade sendo conduzida como gado, sugerindo uma crítica à maneira como as pessoas são manipuladas e controladas. A referência à 'nau que flutua no leito do rio' pode ser interpretada como a jornada da vida, que inevitavelmente leva à velhice e à moralidade. A música culmina com a 'peleja do diabo com o dono do céu', uma expressão que evoca a luta entre forças opostas, representando o conflito interno e externo entre o bem e o mal, a virtude e a corrupção, que permeia a existência humana.