Fabricante De Mentiras

A inocência seduzida pela fantasia: Uma análise de 'Fabricante De Mentiras'

A música 'Fabricante De Mentiras' do grupo argentino Sui Generis, liderado por Charly García e Nito Mestre, é uma crítica social envolta em uma narrativa de sedução e desilusão. A letra conta a história de um homem, descrito como um 'fabricante de mentiras', que vive em um mundo de ilusões e falsidades, simbolizado pelas 'historias de cartón' e 'ojos eran luces de neón'. Este personagem representa a figura do enganador, alguém que manipula a realidade para seu próprio benefício, sem se importar com as consequências de seus atos.

No outro extremo, temos uma jovem inocente, 'una típica inocente', que é descrita de maneira quase infantil, com 'zapatos negros, medias de algodón'. Ela é a personificação da pureza e da ingenuidade, que acaba sendo corrompida pelo fabricante de mentiras. A música sugere que ela perdeu sua inocência ('perdió sus medias y su castidad'), uma metáfora para o despertar sexual e a perda da inocência, mas também pode ser interpretada como uma crítica à forma como a sociedade trata a sexualidade feminina.

O final da música traz uma reflexão intrigante: apesar da condenação moral que a sociedade impõe ao 'fabricante de mentiras' e à jovem que foi enganada, a letra questiona por que 'la niña ríe en vez de llorar', sugerindo que talvez haja uma libertação ou um aprendizado na experiência vivida pela jovem. A música, portanto, desafia as noções convencionais de moralidade e sugere que a verdade e a felicidade podem não estar onde tradicionalmente se espera encontrá-las.