Solito
Ramão Missioneiro
Esta milonga que chora
Nos galpões deste pago
Tem o gosto do amargo
De quem solito mateia.
Uma lágrima goteia
Umedecendo o borralho
Como que seja o orvalho
Que a noite triste pranteia.
Milonga na madrugada
No compasso faz estilo
Como cantiga de grilo
No silêncio do galpão.
Fez nascer esta canção
Que acanhada sai do peito
Tentando achar um jeito
De espantar a solidão.
Um amor mal resolvido
Nos deixa marcas na alma.
Solito, perde o sentido,
E a milonga chora calma.
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