Cangatys
Raimundo Ramos
De mais de quarenta léguas
Foi povo pra’ra apreciar
A barra lá do Cauhype
Que estava para arrombar
Eu também fui
Eu também vi
Curimatans e cangatys
Arrombou e foi embora
Mas deixou no Ceará
Trahyras, curimatãs
Cangaty, muçu, cará
Homens, mulheres, meninos
Viviam só de pescar
Todos enchiam seus sacos
Pois tinha peixe a fartar
Comboios de peixe seco
Eram de dar co’um pau
A carne de sul deu baixa
Aboliu-se o bacalhau
Bodegas, tendas, quitandas
Ficaram bem atulhadas
Houve banquetes de luxo
De curimatãs salgadas
No cafezinho Holofote
Não se fez mais mugunzá
Mas se fazia omelete
De carangueijo e cará
Ao ver-se gente na rua
Com um caixão carregado
Nada mais se perguntava
Pois, era peixe salgado
Entretanto o reumatismo
Seu progresso ia fazendo
E os tais peixinhos da barra
Cada vez mais se vendendo
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