Piquenique
Rafael Senra
Quem fez o pano tão fino
Que de tão leve voou?
Foi na garupa do tempo
E derrapou na manhã.
Vestindo nosso momento
De felicidade pagã
Cor de maçã, um delírio febril
Margaridas em pleno abril
Tudo tão bom de querer
No meio de tudo, você
Esse prosaico tecido
Foi costurado no céu
E sobre pequenos furos
Surgem estrelas no véu.
Celestial piquenique
Talvez justifique saber
Quem estampou a figura do amor
Neste pano azul de cetim?
Algo em mim quis dizer
Que tinha a ver com você.
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