777-666

A Viagem Psicodélica e Crítica de Matuê em '777-666'

A música '777-666' do artista brasileiro Matuê é uma viagem pelo universo do trap, gênero musical que mistura elementos do rap com batidas eletrônicas e temáticas muitas vezes relacionadas ao estilo de vida hedonista, drogas e reflexões existenciais. A letra da música parece descrever uma experiência psicodélica, onde o eu-lírico se encontra em um estado alterado de consciência, mencionando a sensação de estar em um 'loop', revivendo momentos e falas, uma metáfora comum para descrever a sensação de repetição que pode ocorrer sob o efeito de substâncias psicoativas.

O título '777-666' pode ser interpretado como um jogo de contrastes entre o bem e o mal, o divino e o diabólico, com o número 777 frequentemente associado à perfeição e à divindade, enquanto o 666 é comumente ligado à figura do diabo. Matuê brinca com essa dualidade ao longo da música, mencionando como as pessoas o veem como uma figura demoníaca, cujas palavras têm um poder de 'consumir' quem as ouve. A letra também aborda a ideia de que o mal está nos detalhes, sugerindo que as tentações e os vícios estão escondidos nas pequenas coisas do dia a dia.

Por fim, a música faz uma crítica ao consumismo e à busca incessante por prazeres materiais e sensoriais, como drogas e sexo, que são descritos como um vírus que infecta a sociedade. Matuê questiona a noção de sucesso e felicidade baseada nesses elementos, apontando para a efemeridade da fama e a possibilidade de ser 'esquecido'. A repetição do verso 'O que fazer' ecoa um sentimento de desespero ou confusão, refletindo a incerteza sobre como navegar um mundo repleto de armadilhas e ilusões. A música é um convite à reflexão sobre as escolhas de vida e as consequências de se deixar levar pelos excessos e pela superficialidade da cultura de consumo.