Demoliendo Hoteles

A Rebeldia e a Crítica Social em 'Demoliendo Hoteles'

A música 'Demoliendo Hoteles', do artista argentino Charly García, é uma expressão contundente de rebeldia e crítica social. A letra reflete a experiência pessoal de García e, por extensão, a de muitos argentinos que viveram sob a ditadura militar de Jorge Rafael Videla, entre 1976 e 1983. A referência a crescer com Videla e lutar pela liberdade, mas nunca poder tê-la, é um testemunho direto das restrições e da opressão vividas durante esse período.

A canção também aborda a questão da educação e do condicionamento social. O narrador menciona ter sido educado com ódio, uma possível alusão à doutrinação ideológica e ao clima de violência que permeava a sociedade. A passagem para o movimento hippie representa uma ruptura com essa educação e uma busca por amor e paz, valores opostos aos que lhe foram impostos. No entanto, mesmo após essa mudança, persiste um sentimento de inquietação, sugerindo que as marcas deixadas pela experiência autoritária não são facilmente apagadas.

O refrão 'Demoliendo hoteles' pode ser interpretado metaforicamente como a destruição de estruturas opressoras, sejam elas físicas ou ideológicas. Enquanto 'os plomos juntam os cabos', uma possível referência aos agentes do regime que mantêm o controle e 'cazan rehenes', os jovens, representados pelos 'chicos que pegan carteles', continuam a resistir e a lutar por mudanças. A música de García é um hino de resistência e um chamado à reflexão sobre as consequências de um passado autoritário na psique e na sociedade.