Bienal

A Sátira Artística em 'Bienal' de Zeca Baleiro

A música 'Bienal' de Zeca Baleiro é uma crítica satírica ao mundo da arte contemporânea e à sua recepção pelo público. O artista utiliza uma linguagem repleta de ironia para descrever uma obra de arte fictícia, composta por elementos inusitados e repulsivos, como 'fios de pentelho de um velho armênio' e 'asa de barata torta'. Essa descrição hiperbólica serve para questionar os limites do que é considerado arte e como a arte é valorizada ou desvalorizada a partir de conceitos muitas vezes elitistas e inacessíveis ao grande público.

A canção também aborda a dificuldade de compreensão da arte moderna por parte das pessoas comuns, representadas pela figura da mãe do narrador, que expressa sua perplexidade e repulsa diante da obra. A menção ao 'segundo caderno' e ao 'produto bruto interno' sugere que a compreensão da arte contemporânea muitas vezes requer conhecimentos específicos e uma conexão com questões econômicas e culturais mais amplas, o que pode alienar aqueles que não estão familiarizados com esse universo.

Por fim, Zeca Baleiro faz referências a elementos da cultura brasileira, como 'dendê de vatapá' e 'psicodélica baiana', misturando-os com itens do cotidiano e da cultura pop, como 'tampinhas de pepsi e fanta uva'. Essa fusão reforça a ideia de que a arte pode ser criada a partir de qualquer material e que a beleza ou o valor estético não estão necessariamente atrelados à tradição ou ao convencional. A música, portanto, é um convite à reflexão sobre a arte, a criatividade e os critérios que definem o que é digno de admiração e respeito no cenário artístico.