Deserto
Zé Modesto
Se vais só
Deixa em casa a munição
Come o pó
Leva a roupa do teu corpo em nós
Vá veloz
Não carregues provisão
Vá que o tempo em tua moleira
E o cantar das rezadeiras
Valerão na condução
Nem farnel
Nem chapéu, nem algibeira
Nem talão
Põe nos pés tuas sandálias
Rasga o vão do chão
Que o norteio é paciência, solidão
Logo chegarão bons ventos
E esse tempo de lamentos
Mirrará de inanição
Se sentires dura a pena
Nesse curso em seu deserto
E entenderes dor tamanha
For demais pra o suplicante
Mergulhar em seu desvão
Se secar sua moringa
Em terra em que nada vinga
Carregues teu violão
(Louvor e glória a Ti
Ó rei da glória
Amor pra sempre a Ti
Ó Deus de amor)
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