O pouso
Volmir Coelho
Certa vez um negro velho chegou na estância
Num fim de tarde de outono sereno pediu um pouso
Pro capataz no galpão
Aquele negro trazia além das botas surradas
Remendos dentro da alma
E o capataz e, o capataz disse não
Se foi pra encontrar a noite agradeceu e mais nada
Quem anda cruzando estrada desconhece parador
Quem nega a mão a um vivente pode um dia lá na frente
Se perder no corredor
E aconteceu no outra dia uma reculuta no posto
Três léguas longe das estância só o capataz e um cachorro
Uma gateada de freio, bruta, recém enfrenada
Se assombrou fez a pegada de arrasto pediu socorro
Um vulto negro saltou como mandado por Deus
De braço aberto gritando era o cristo ordenando
E a gateada obedeceu
Só então o capataz
Se deu conta de quem era o negro dormiu
Na tapera e mesmo assim agradeceu
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