Tango Feroz

A Rebeldia e o Desencanto em 'Tango Feroz'

A música 'Tango Feroz', interpretada pela banda homônima, é uma expressão crua de desilusão e rebeldia. A letra apresenta um eu lírico que se declara despossuído de bens materiais, caminhando sem rumo em um 'grande carnaval', uma metáfora para a sociedade e suas festividades superficiais. A perda da 'prisa e da calma' sugere um desapego das urgências e preocupações mundanas, adotando uma postura de observador crítico da realidade ao seu redor.

O cenário descrito é o de uma cidade repleta de contradições, onde 'cristos e hampones' coexistem, indicando uma mistura de santidade e corrupção. A referência a 'Malena canta en el fango como en la Luna' pode ser uma alusão à famosa canção 'Malena', que fala de uma mulher que canta o tango com voz de sombra e dor, sugerindo que mesmo na lama (adversidade), ela mantém sua essência, assim como o eu lírico mantém a sua voz mesmo em meio ao caos urbano. A menção aos 'muertos que el subterráneo escupe en construcción' evoca imagens de morte e desumanização, talvez uma crítica à perda de identidade e ao esquecimento dos que são marginalizados pela sociedade.

A repetição da linha 'Si no me cosen la boca no van a hacerme callar' é um grito de resistência, uma declaração de que, apesar das tentativas de silenciamento, o eu lírico continuará a expressar sua verdade. A música, portanto, é um manifesto contra a conformidade e um chamado à liberdade de expressão, mesmo diante de uma sociedade que muitas vezes tenta impor silêncio e submissão.