Sete Marias

A Força Feminina nas Encruzilhadas da Fé: Uma Análise de 'Sete Marias'

A música 'Sete Marias', interpretada por Rita Benneditto, mergulha no universo das entidades espirituais do candomblé e da umbanda, em especial as Pombas Giras. A letra faz referência a essas entidades femininas que são conhecidas por sua força, liberdade e poder de transformação. A canção começa descrevendo a meia-noite, momento simbólico onde o oculto e o sagrado se manifestam, e a aparição da Pompa Gira, entidade que trabalha com os mistérios do amor e da sexualidade, na encruzilhada, local de encontro de caminhos e decisões.

O refrão cita nomes de Pombas Giras conhecidas, como Figueira e Padilha, e faz alusão à Sete Encruzilhadas, uma entidade que, segundo a crença, protege os cemitérios. A música destaca a autonomia e a força dessas entidades, que não pertencem a ninguém e enfrentam desafios com coragem. A presença da lua cheia e das rosas perfumando o templo evoca a atmosfera de ritual e celebração. A letra também menciona a cigana com seu baralho, simbolizando a orientação e o conhecimento que essas entidades podem oferecer.

A música termina com um convite à fé e à devoção, sugerindo que, para aqueles que acreditam e respeitam essas forças, as Pombas Giras podem conceder bênçãos. A risada de Exu, outra entidade, ressoa como um lembrete do poder e da alegria que permeiam essas práticas espirituais. 'Sete Marias' é uma celebração da espiritualidade afro-brasileira e do papel central das mulheres nesse contexto.