A Gaita do Falecido

A Gaita do Falecido: Um Legado Musical e Sentimental

A música 'A Gaita do Falecido' de Os Bertussi, uma dupla icônica do tradicionalismo gaúcho, traz uma narrativa peculiar e humorada sobre os desejos de um homem para após sua morte. A letra começa com o eu lírico expressando que, ao morrer, não deseja lágrimas ou tristeza, mas sim que sua amada gaita, um objeto de grande valor sentimental para ele, seja tocada até seu último repouso. Este pedido inicial já estabelece um tom de leveza e uma conexão profunda com a música, elemento central na vida do personagem.

Ao chegar ao cemitério, ele prevê que o porteiro não permitirá que a gaita continue soando, marcando um momento de transição entre a celebração da vida e a seriedade da morte. A música, até então um elemento de alegria, dá lugar à oração, sugerindo uma mudança de atmosfera que respeita os ritos de passagem. O eu lírico deixa claro que, embora a música deva parar, seu espírito ainda se mantém presente através da gaita, que ele deseja deixar como herança para um filho que compartilhe de sua paixão musical.

O aspecto mais humorístico e peculiar da música surge no último verso, onde o falecido faz um pedido à sua esposa: que, caso ela venha a se casar novamente, o novo marido nunca toque sua gaita. Esse pedido reflete não apenas um apego ao instrumento, mas também um ciúme póstumo, adicionando uma camada de humor à reflexão sobre posse e memória após a morte. A música de Os Bertussi, portanto, além de entreter, provoca reflexões sobre o que deixamos de legado e como desejamos ser lembrados.