A Feira

A Feira de O Rappa: Entre a Rotina e a Rebeldia

A música 'A Feira' da banda O Rappa, conhecida por suas letras que abordam questões sociais e urbanas, traz uma narrativa que se passa no ambiente popular e cotidiano de uma feira. A repetição do refrão 'É dia de feira' sugere a rotina e a normalidade desse cenário, onde pessoas de diferentes esferas sociais se encontram, como indicado pelos versos 'Vem maluco, vem madame, Vem Maurício, vem atriz'. Essa mistura de personagens destaca a feira como um espaço democrático, onde todos podem chegar e interagir.

No entanto, a canção vai além da descrição de um ambiente, mergulhando em uma crítica social ao mencionar a venda de 'ervas que curam e acalmam'. Essas ervas podem ser interpretadas como uma metáfora para substâncias ilícitas, sugerindo uma crítica à ineficácia dos 'remédios normais' em 'amenizar a pressão' da vida cotidiana. A música pode estar abordando a busca por alívio e escape em meio às pressões sociais e econômicas, e a falha do sistema de saúde ou das estruturas sociais em prover soluções adequadas.

A presença da polícia, indicada pela palavra 'Rappa' (gíria para polícia), e a consequente fuga do narrador ('Eu quase sempre escapo') apontam para a ilegalidade e a repressão associadas a essa busca por alívio. A música, portanto, reflete sobre a complexidade da vida urbana, a busca por soluções alternativas para o estresse e a dor, e a constante tensão entre a ordem estabelecida e as práticas à margem da lei.