P.U.T.A

A Voz da Resistência Feminina em 'P.U.T.A' da Mulamba

A música 'P.U.T.A' da banda Mulamba é um grito de resistência e denúncia contra a violência de gênero e a objetificação da mulher. A letra é uma narrativa crua e direta sobre as diversas formas de opressão que as mulheres enfrentam diariamente, desde a violência física até a simbólica.

A canção começa com uma referência ao renascimento das cinzas, uma alusão à fênix, simbolizando a resiliência e a luta contínua das mulheres. A terra que queima e depois planta é uma metáfora para a dor que gera força e resistência. A banda utiliza a palavra 'mulamba', que pode ser interpretada como trapo ou pano velho, para descrever as vestes das mulheres, numa crítica à forma como são vistas pela sociedade. A transformação desse termo em nome da banda e o uso da palavra 'P.U.T.A' como título da música são atos de apropriação e redefinição de termos pejorativos usados contra mulheres.

A música também aborda a violência urbana e a banalização da morte de mulheres, que muitas vezes não ganham destaque na mídia ('Nem vai dar manchete'). A letra fala sobre o medo constante de agressão e a necessidade de estar sempre alerta. A inversão de papéis proposta no verso 'E se mudasse esse ponto de vista / E o falo fosse a vítima' desafia a normalização da violência masculina e sugere uma reflexão sobre a culpabilização da vítima. A canção termina com uma expressão de revolta e desejo de vingança, mostrando a força e a fúria da mulher que luta por justiça e igualdade.