Corpo e Alma
Junia Horta
Joguei minhas facas na terra
Subi para o alto da serra
Joguei meu revolver nas águas
Deixei esquecer toda magoa
Despir-me de minha armadura
Banhei-me na luz da ternura
Me fiz leve de espírito e carne
Vestir-me dos sons e cantares
E agora, livre a espera da chegada
Componho neste canto de aconchego
A dança harmônica de asas abertas
Nos tombos á passar em revoar
Deixe me a minha voz penetrar
Seus contornos
Deixe me as minha mãos tocar
Em nesta calma de quem se vê
Diante o desarmado
De quem me sabe nua, corpo e alma
Chegue se ali, pássaro indefeso
Apague a timidez que se insinua
Meu gesto entre aportado
Pouco confesso de ver assim vestido
E eu tão nua, nua
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