Aguadas
Julio Saldanha
A chuva não chove ao acaso
Derrama sublime suas gotas no chão
E sonhos de vida diva
Floresce vertentes no meu coração
A água que chega na chuva
Adentra na terra e afasta o estio
A água que mata minha sede
Afoga saudade nas curvas do rio
Não sou mais que as águas da chuva
Não sou mais que o rio com seus aguapés
Eu sou todo o amor das correntes
Que vem mansamente beijar os teus pés
Futuro se escreve no agora
E a nuvem que chora me faz renascer
Eu quero futuro sem hora
Sou feito as aguadas tentando viver
(A vida é amor que se lavra)
(Meus sonhos não são rimas vãs)
(Pois toda paixão destas águas)
(Inunda em teu ventre o nosso amanhã)
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