Quita Esa Cara

A Descrença e a Fuga: Uma Análise de 'Quita Esa Cara' de José Madero

A música 'Quita Esa Cara', do artista mexicano José Madero, é uma expressão de desilusão e descrença. O eu lírico inicia a canção declarando que não acredita mais em Deus nem em seus 'trúhanes', uma palavra que pode ser traduzida como impostores ou charlatães, sugerindo uma crítica à hipocrisia percebida em instituições religiosas e em quem as representa. A menção a 'todas suas verdades' pode indicar um desejo de revelar hipocrisias e falsidades que são mantidas sob a superfície de discursos religiosos ou sociais.

A cidade é descrita como maldita e monótona, com diferentes nomes, mas as mesmas ruas, o que pode simbolizar uma sensação de aprisionamento e a falta de singularidade nos espaços urbanos. A repetição da ideia de que rezar por ele é inútil reforça a noção de que o eu lírico se sente desconectado das práticas religiosas e de suas promessas de salvação ou mudança.

A fuga pela janela e a referência ao frio sem as 'chamarras' (jaquetas) podem representar uma libertação das restrições e confortos da vida anterior, mesmo que isso signifique enfrentar o desconhecido. A 'nova casa em fogata' sugere uma transformação radical, talvez até destrutiva, como resposta ao custo elevado da vida ('la vida es cara'). A solução 'macabra' pode ser uma metáfora para medidas extremas tomadas em tempos desesperadores. O final da música traz um pedido de companhia, sugerindo que, apesar da descrença e da fuga, há um desejo de conexão e proteção em meio à transitoriedade da vida ('solo estamos de pasada').