Poema do Amor Impossível
Jorge Paulo
No descortinar da janela
Meu peito arfa um cheiro
Não sei se é a primavera
Ou sonho passageiro
Meu quarto exala um aroma
Num respirar de fetiche
Parece que tudo soma
Como se um amor existisse
Ela vive bailando na mente
No palco da imaginação
Coreografando a semente
Que germina no meu coração
E nessa longa espera
De tantas horas ao leu
O seu olhar quem me dera
Fosse uma estrela do céu
Eu vivo a mover saudade
E nem sei a razão, e o porque
São réstias da mocidade
Lembranças que vem de você
A solidão é meu deserto
Miragem de muito alem
Sinto você tão perto
Mais nunca vejo ninguém
E nesse buscar quase louco
Perdido na imaginação
Minha alma morre um pouco
Nas asas da imensidão
A teimosia é implacável
Parece que me desconcerta
É uma paixão instável
Que insiste e me desperta
Procuro em todos os cantos
Onde encontrar essa flor
Razão dos meus encantos
Dos meus vagidos de amor
Confuso o poeta chora
Dos sentimentos sem leme
Inspiração me devora
E essa saudade não some
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