Tio Anastácio

A Saga de Tio Anastácio: Memórias de um Gaúcho da Campanha

A música "Tio Anastácio" de Jayme Caetano Braun é uma homenagem à figura do gaúcho tradicional, representada pelo personagem Tio Anastácio, um negro velho que simboliza a resistência cultural e a história do Rio Grande do Sul. Através de uma narrativa poética, o autor descreve a vida árdua e as habilidades do protagonista, que, apesar de ter vivido na época da escravatura, se destacou por sua destreza e honradez.

A letra da música retrata a trajetória de Anastácio, desde os tempos de juventude, quando era um ginete habilidoso, até a velhice, quando se tornou um homem humilde que vivia de pequenos trabalhos. A menção à garrafa de canha (cachaça) no cano da bota e aos remendos em suas roupas são metáforas para as marcas deixadas pelos anos e pelas lutas enfrentadas. A música também aborda a participação de Anastácio em conflitos históricos, como as guerras no Paraguai, e sua contribuição para a honra do povo gaúcho.

O desfecho da canção é melancólico, com a morte solitária de Tio Anastácio, que falece como um 'matungo sem dono', uma expressão que evoca a imagem de um cavalo abandonado. A música termina com um pedido para que Tio Anastácio, agora na 'estância grande do céu', não se esqueça dos que ainda vivem na terra, especialmente dos 'xirus velhos tristes', outros gaúchos que, como ele, foram criados guachos (órfãos ou abandonados). A canção é um tributo à cultura gaúcha e àqueles que, com sua vida e história, ajudaram a moldá-la.