Aonde o Filho Chora e a Mãe Não Vê

A Crítica Social Através do Rap: 'Aonde o Filho Chora e a Mãe Não Vê'

A música 'Aonde o Filho Chora e a Mãe Não Vê' do grupo de rap Facção Central é uma narrativa crua e direta sobre a realidade do sistema prisional brasileiro e as consequências da violência e do crime organizado. Através de uma linguagem forte e metafórica, os rappers Dum Dum e Eduardo descrevem o ambiente de tensão e conflito dentro das prisões, onde facções rivais são forçadas a coexistir em espaços confinados, criando uma atmosfera propícia para confrontos e rebeliões.

A letra da música faz uso de diversas referências históricas e culturais para ilustrar a brutalidade e a desumanização presentes no cotidiano carcerário. Comparando os presos a galos em uma rinha, a música destaca a indiferença do governo e da sociedade em relação ao que acontece atrás das grades, onde o sangue escorre e o sofrimento é invisível para o mundo exterior. A menção a Santos Dumont e a invenções como a Glock e o 14-Bis serve para contrastar o potencial humano para a criação e a inovação com a realidade destrutiva das prisões.

A música também aborda a corrupção e a falência do sistema de justiça, onde a morte de um preso pode ser apenas mais um número nas estatísticas ou um caso para indenização, sem qualquer reflexão sobre as causas e as soluções para a violência. O refrão 'Aqui é onde o filho chora, bum! E a mãe não vê' ressalta a dor e o luto das famílias afetadas pela criminalidade e pelo descaso com a vida humana. A canção é um grito de protesto contra a negligência e a falta de humanidade no tratamento dos encarcerados, e um chamado para a reflexão e ação social.