É Tudo Pra Ontem (part. Gilberto Gil)

Reflexões sobre a existência em 'É Tudo Pra Ontem' de Emicida e Gilberto Gil

A música 'É Tudo Pra Ontem', uma colaboração entre Emicida e o icônico Gilberto Gil, é uma profunda reflexão sobre a vida, o tempo e a condição humana. A letra começa com uma sensação de urgência e um sentimento de isolamento, talvez refletindo as dificuldades enfrentadas em tempos de crise, como a pandemia que nos forçou a uma introspecção forçada. A menção a 'um ano todo só de sexta-feira treze' evoca uma sensação de azar contínuo e desafios ininterruptos, enquanto a imagem da 'lagarta, triste, sem poder sair' pode simbolizar a transformação e o crescimento que ocorrem mesmo em períodos de confinamento e tristeza.

A repetição do verso 'Viver é partir, voltar e repartir' funciona como um mantra que ressoa ao longo da música, sugerindo um ciclo constante de experiências, despedidas e compartilhamento. Essa ideia é reforçada pela natureza cíclica da vida e pela inevitabilidade da mudança, como ilustrado pela folha que amarela e envelhece. A música também toca na efemeridade da vida e na importância de encontrar significado e beleza mesmo em momentos de adversidade, como na referência a 'árvores a derramar suas flores pra ninguém'.

A narrativa final, contada por Gilberto Gil, é uma parábola que fala sobre a humanidade e sua relação com o divino. A história do Criador que se transforma em tamanduá para observar suas criaturas sem ser reconhecido é uma metáfora para a humildade e a capacidade de ver o mundo a partir de diferentes perspectivas. A resposta de Deus, 'Mais ou menos', reflete uma visão ambivalente da humanidade, reconhecendo tanto nossas falhas quanto nosso potencial. Emicida, conhecido por suas letras que misturam poesia e crítica social, junto com a sabedoria musical de Gilberto Gil, cria uma obra que convida à reflexão sobre nossa existência e o legado que deixamos para trás.