Num Certo Dia De Chuva
Edinho Perlin
Esta garoa me convida
Pra um floreio de guitarra
E a cigarra cala
O canto pra escutar
Solto do peito
Aquele verso galponeiro
Flor de campeiro
Chamarreado pra pontear
São nessas horas
Que se encurtam as distâncias
Aqui na estância
Se agranda o galpão
A peonada
Ajeita as garra, engraxa as corda
E a chuva borda
O chão seco do oitão
Água abençoada
Despejada em manga calma
Faz bem pra alma
E verdeja estas canhadas
A gadaria pasta
Junto com o eguedo
E o varzedo
Mostra o viço da invernada
Exala aroma
De terra e campo molhado
Que são banhados
Pelas chuvas de verão
E do barro
Que se forma no potreiro
Ergue ninho um barreiro
Enfeitando meu rincão
Pra Deus então
A oração é agradecida
Prece atendida
Derramada aos mananciais
Crescem açudes
Crivados de boiadeiras
Com corticeiras
Que florescem banhadais
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