No Tranco do Contrapasso
Desidério Souza
Vamos comadre me dá o prazer dessa dança
Que essa marca é de primeira e não posso ficar sentado
Que marca buena, credo, virge, santo padre
E eu já pedi pru cumpadre pra nós sair ajojado
Vamos cumadre no tranco do contrapasso
Sapatear na sala inteira que já vem clareando o dia
Credo cumadre como nós dois se acertemo
Só porém, não se apertemo que o cumpadre desconfia
Já faz uns anos que o cumpadre te namora
E eu não danço com a senhora sem o seu consentimento
Porém, eu sei que a senhora é dançadeira
E, eu quando escuto cordeona, sem dançar eu não aguento
E é mais ou menos desse jeito indiada, quando ronca a cordeona
Varemo a noite nessa bailanta baguala
E nos quatro canto da sala arrodiei macunadaço
Amanheci delgado igual sorro de grota
Perdi até o taco da bota no tranco do contrapasso
E a comadre tambèm amanheceu delgada
Com a brusa amarrotada e o vestido que é um bagaço
E, eu já enxaguado de cachaça com limão
Mas, jamais froxo o garrão, quando toca um contrapasso
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