Cheiro de Pneu Queimado

A Realidade do Tráfico na Voz do Funk

A música "Cheiro de Pneu Queimado" de Cidinho e Doca é uma representação crua e direta da realidade do tráfico de drogas nas comunidades urbanas, mais especificamente nas favelas do Rio de Janeiro. A letra descreve um cenário de violência e tensão constante, onde a lei do mais forte prevalece e a presença policial é vista como uma ameaça à operação do tráfico.

O uso de expressões como "cheiro de pneu queimado" e "carburador furado" pode ser interpretado como metáforas para a destruição e o caos que acompanham os confrontos entre traficantes e a polícia. A figura do "x9", gíria brasileira para informante ou traidor, é mencionada como alguém que foi eliminado por representar um risco para o grupo. A música também faz referência ao armamento pesado, com o "fuzil destravado", indicando a prontidão para o conflito.

A repetição do verso "Eu vou, quem for dispor, que venha" transmite uma atitude desafiadora, sugerindo que estão prontos para enfrentar qualquer um que se oponha a eles. A letra ainda aborda a dinâmica do tráfico, com o "vapor" (termo para o indivíduo que faz a entrega das drogas) trabalhando sem parar e a menção de que quem está dentro do esquema não pode sair e quem está fora não pode entrar, evidenciando a rigidez e o controle dentro dessa realidade. A música de Cidinho e Doca, portanto, oferece um olhar sem filtros sobre o submundo do crime organizado, refletindo a dura realidade enfrentada por muitos nas periferias brasileiras.