Tanto Mar

A saudade e a esperança em 'Tanto Mar' de Chico Buarque

A canção 'Tanto Mar', composta por Chico Buarque, é uma obra que reflete sobre a distância e a saudade, mas também sobre a esperança e a celebração. Escrita após a Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974, que derrubou a ditadura salazarista, a música faz uma clara alusão a esse evento histórico, utilizando a imagem do cravo, que se tornou o símbolo da revolução.

O eu lírico expressa um desejo de participar das celebrações e pede que se guarde um cravo para ele, evidenciando a conexão emocional com os eventos, apesar da distância física. A repetição do verso 'Sei que há léguas a nos separar, tanto mar, tanto mar' reforça a ideia de separação geográfica entre o eu lírico e o local dos acontecimentos. A expressão 'navegar' pode ser interpretada tanto no sentido literal de atravessar o oceano, quanto no sentido figurado de enfrentar desafios e buscar a liberdade.

A música também aborda a passagem do tempo e a transformação das circunstâncias, como indicado na mudança de 'Foi bonita a festa, pá' para 'Já murcharam tua festa, pá'. Ainda assim, a menção de uma semente esquecida em algum canto de jardim sugere a persistência da esperança e a possibilidade de renovação. A referência ao 'cheirinho de alecrim' evoca uma sensação de cura e conforto, simbolizando a conexão com a terra natal e a memória afetiva.