Até Pensei

A Melancolia e a Ilusão em 'Até Pensei' de Chico Buarque

A canção 'Até Pensei', composta por Chico Buarque, é uma obra que transita entre a melancolia e a reflexão sobre a ilusão do amor e da felicidade. A letra utiliza metáforas para descrever um sentimento de proximidade com a alegria e o amor, mas ao mesmo tempo, uma distância intransponível. O bosque proibido por um muro alto simboliza um lugar de desejos inacessíveis, onde as coisas boas da vida parecem acontecer, mas estão fora do alcance do eu-lírico.

O eu-lírico observa a felicidade e a aventura do outro lado do muro, mas apenas de longe, sem poder participar. Essa observação é acompanhada de uma 'modinha', uma canção simples que reflete a sua condição de espectador da felicidade alheia. A repetição da frase 'que, de tolo, até pensei que fosse minha' revela a consciência da própria ingenuidade em acreditar que poderia possuir aquilo que observava de longe.

A música também aborda a relação com a amada, cujos 'olhos claros como o dia' são objeto de admiração e desejo. No entanto, assim como a felicidade, o amor da amada parece ser uma ilusão, algo que o eu-lírico espera, mas que nunca se concretiza. A canção termina com a aceitação da dor e a compreensão de que a felicidade imaginada nunca foi realmente sua, mas apenas uma fantasia alimentada pela esperança e pelo desejo.