Nosso Tempo

Desvendando 'Nosso Tempo': A Poesia Social de Drummond

A poesia 'Nosso Tempo', de Carlos Drummond de Andrade, é um retrato multifacetado da sociedade e dos sentimentos humanos em meio às adversidades do mundo moderno. O poema, dividido em várias partes, utiliza uma linguagem rica em metáforas e simbolismos para descrever um período de desilusão, fragmentação e busca por significado.

Na primeira parte, Drummond fala de um 'tempo de partido', onde os homens estão 'partidos', sugerindo uma sociedade dividida e indivíduos incompletos. A 'hora pressentida' que se desfaz e a busca por necessidades básicas ('carne fogo sapatos') refletem a insuficiência das leis e a ausência de beleza e justiça no mundo. O poeta se vê como alguém que não se conforma com as 'coisas' e que possui um desejo interno de expressão e revolta.

As partes subsequentes do poema continuam a explorar temas de divisão e desconexão, com imagens de 'mãos viajando sem braços' e 'símbolos obscuros'. Drummond aborda a perda da inocência ('mudou-se a rua da infância') e a sensação de impotência diante das forças obscuras que moldam a realidade ('guerra, verdade, flores?'). A poesia transita entre o pessoal e o coletivo, entre o íntimo e o público, revelando uma tensão constante entre o desejo de viver e a consciência da morte e da decadência.

O final do poema é uma declaração de independência do poeta em relação às responsabilidades do 'mundo capitalista'. Drummond se posiciona como um observador crítico, que, embora reconheça a complexidade e a dor do mundo, se compromete a usar sua arte como uma ferramenta de resistência e transformação. 'Nosso Tempo' é um convite à reflexão sobre a condição humana e o papel do indivíduo na sociedade contemporânea.