José

A Angústia Existencial em 'José'

A poesia 'José', de Carlos Drummond de Andrade, não é uma música no sentido convencional, mas sim um poema que foi musicado por diversos artistas ao longo dos anos. A obra é um monólogo interior que reflete a angústia existencial de um indivíduo diante do vazio e da falta de perspectivas. O poema começa com a repetição da pergunta 'E agora, José?', que se torna um refrão que ecoa a incerteza e a ansiedade do protagonista. A festa que acabou pode ser interpretada como o fim da juventude ou de um período de alegrias e ilusões, e a luz que se apaga sugere o fim da esperança e da clareza sobre o caminho a seguir.

O personagem José é apresentado como um homem comum, 'sem nome', que zomba dos outros, faz versos e ama, mas que agora se encontra em um momento de crise, sem mulher, sem discurso e sem carinho. A repetição de 'E agora, José?' reforça a sensação de desespero diante da solidão e da falta de opções. O poema avança descrevendo a perda de prazeres simples, como beber e fumar, e a ausência de utopias, evidenciando um sentimento de desilusão com a vida e com os sonhos que não se realizaram.

A última parte do poema intensifica a crise existencial de José, que busca saídas que não existem mais. A chave na mão sem porta para abrir, o mar que secou e Minas que não há mais são metáforas para as oportunidades que se fecharam. A insistência de José em continuar, apesar de tudo, mostra sua resiliência, mas também a falta de direção. 'José, para onde?' é a pergunta final que deixa o destino do personagem em aberto, simbolizando a busca contínua por sentido em uma existência marcada pela incerteza.