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Samba-enredo da Beija-Flor 2023: confira a análise completa

Conheça a análise de “Brava Gente! O Grito dos Excluídos No Bicentenário da Independência”, samba-enredo da Beija-Flor para 2023.

Analisando letras · Por Rafaela Damasceno

16 de Fevereiro de 2023, às 12:00

A escola de samba oficial de Nilópolis já definiu a música que será tema do seu desfile este ano. Então, não perca tempo e venha conhecer o samba-enredo da Beija-Flor de 2023 e a nossa análise da sua letra.

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis está localizado no interior do Rio de Janeiro, mas participa há muitos anos do Carnaval da capital. Essa é a principal atividade da cidade e movimenta todos os seus cidadãos.

Samba-enredo Beija-flor 2023
Créditos: Divulgação

Com o título Brava Gente! O Grito dos Excluídos No Bicentenário da Independência, o samba-enredo da Beija-Flor 2023 foi composto pelo grupo formado por Léo do Piso, Beto Nega, Manolo, Diego Oliveira, Julio Assis e Diogo Rosa e terá a cantora Ludmilla como uma de suas intérpretes, além, é claro, do saudoso Neguinho da Beija-Flor.

Ficou curioso(a) para saber tudo sobre a canção? Confira a seguir o significado do samba-enredo da Beija-Flor 2023 nesta análise completa! 

Análise do samba-enredo da Beija-Flor 2023

Vencedora de 14 títulos do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro, a Beija-Flor de Nilópolis almeja o grande prêmio em 2023. Com um enredo cheio de senso crítico e forte apelo popular, a escola de samba pretende levar à avenida um novo olhar sobre a Independência do Brasil.

Brava Gente! O Grito dos Excluídos No Bicentenário da Independência, samba-enredo da Beija-Flor para 2023
Créditos: Divulgação

A autoria da letra de Brava Gente! O Grito dos Excluídos No Bicentenário da Independência é dos carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues. A ideia dos compositores foi dar voz ao povo que participou do movimento para libertar o nosso país da dominação portuguesa. 

A “brava gente”, mencionada no título, representa os excluídos, aqueles que lutam todos os dias para construir um Brasil melhor, mas que nem sempre são reconhecidos.

Por isso, o samba-enredo convoca os brasileiros a lutar por seus direitos e a ter uma visão mais questionadora sobre as diferenças sociais e a sua marginalização. 

Um novo 2 de julho de 1823

Logo nos primeiros versos do samba-enredo da Beija-Flor 2023, temos uma convocação do povo brasileiro para uma revolução. Por meio dela, as pessoas excluídas e marginalizadas poderão lutar pelo seu lugar nos livros de história e pelos seus direitos, que muitas vezes são esquecidos pelo Estado.

A revolução começa agora

Onde o povo fez história

E a escola não contou

Marco dos heróis e heroínas

Das batalhas genuínas

Do desquite do invasor

Naquele dois de julho, o Sol do triunfar

E os filhos desse chão a guerrear

O sangue do orgulho retinto e servil

Avermelhava as terras do Brasil

Pensando nisso, a escola de samba propõe um novo marco da Independência do Brasil, que, para a Beija-Flor, aconteceu no dia 2 de julho de 1823 e completa 200 anos em 2023. Essa na verdade foi a data da independência da Bahia sobre os portugueses. 

O Primeiro Passo para a Independência da Bahia, de Antônio Parreiras.
O Primeiro Passo para a Independência da Bahia, de Antônio Parreiras / Créditos: Divulgação

Foi um momento de muita força popular, já que os colonos conseguiram expulsar os europeus da cidade de Salvador. Por isso, será uma comemoração reforçada pelos instrumentos de origem africana, que tanto influenciaram a cultura nacional. 

Além disso, as danças, as cores e os sabores de todos os povos que compõem a identidade brasileira – índios, negros e brancos – devem ter todos o mesmo valor, na comemoração de um dos episódios mais marcantes da trajetória de nossa nação. 

Igualdade e liberdade de expressão

Em seguida, a letra do samba-enredo da Beija-Flor 2023 expressa os valores que o povo brasileiro quer cobrar neste bicentenário da Independência: igualdade e liberdade de expressão. 

É! Vim cobrar igualdade, quero liberdade de expressão

É a rua pela vida, é a vida do irmão

Baixada em ato de rebelião

No verso é a rua pela vida, os compositores reforçam ainda mais a ideia de que as classes menos favorecidas no Brasil foram exatamente aquelas que deveriam ter a sua participação reconhecida na rebelião por um país mais independente e consequentemente mais livre. 

Neguinho da Beija-Flor e Ludmilla
Créditos: Divulgação.

7 de setembro e o preconceito estrutural

Nos versos seguintes, os eventos de 7 de setembro, que já fazem parte da cultura brasileira há muitos anos, são criticados.

Para a Beija-Flor, os brasileiros que marcham nesse dia são demagogos, porque estão comemorando um ato que não diminuiu as desigualdades ou a pobreza no Brasil. Muito pelo contrário, só aumentou as diferenças.

Desfila o chumbo da autocracia

A demagogia em setembro a marchar

Aos renegados barriga vazia

Progresso agracia quem tem pra bancar

Ordem é o mito do descaso

Que desconheço desde os tempos de Cabral

A lida, um canto, o direito

Por aqui o preconceito tem conceito estrutural

Pela mátria soberana, eis o povo no poder

São Marias e Joanas, os Brasis que eu quero ter

Deixa Nilópolis cantar!

Pela nossa independência, por cultura popular

7 de Setembro é a data que marca o momento em que D. Pedro I proclamou o grito de “Independência ou Morte” e, a partir daí, o Brasil se consolidou como uma nação independente.

Mas muitas pessoas criticam esse momento, porque foi liderado por um membro da família real, que não defendia os interesses populares

Pintura Independência Ou Morte, de Pedro Américo
Pintura Independência Ou Morte, de Pedro Américo / Créditos: Divulgação

Além disso, esse trecho da canção também critica o preconceito estrutural, expressão utilizada para indicar o estigma enraizado na sociedade brasileira, com raízes desde os tempos do período colonial.

O cordão dos excluídos

Ao usar a expressão “cordão dos excluídos”, a Beija-Flor reforça a luta daquelas pessoas que não têm os seus direitos reconhecidos na sociedade, principalmente pelas autoridades. 

Ô abram alas ao cordão dos excluídos

Que vão à luta e matam seus dragões

Além dos carnavais, o samba é que me faz

Subversivo Beija-Flor das multidões

Dessa forma, a escola de samba de Nilópolis consegue provar que o Carnaval não é só um evento para dançar e se divertir. É também um momento de reflexão e olhar questionador sobre a realidade das comunidades que fazem essa festa acontecer. 

Samba-enredo Beija-Flor 2023
Créditos: Divulgação

Vale a pena ouvir de novo o samba-enredo da Beija-Flor de 2022

Agora que você já conheceu o samba-enredo da Beija-Flor 2023 e conferiu a nossa análise da letra, que tal relembrar a música do desfile da escola de samba no ano passado? 

Conheça o significado do samba-enredo da Beija-Flor 2022

samba-enredo Beija-Flor 2023

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