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História do passinho: tudo sobre a origem da dança urbana

Você já parou para pensar na história do passinho? Confira todos os detalhes da evolução desse estilo de dança que revolucionou o funk brasileiro.

Curiosidades · Por Ana Paula Marques

25 de Abril de 2024, às 12:00

A história do passinho pode até parecer novidade, mas está inserida na cultura brasileira há mais tempo do que você imagina.

História do passinho
Créditos: Reprodução / YouTube

A dança, que se tornou tradicional em bailes funks do Rio de Janeiro e do Brasil inteiro, surgiu como uma manifestação autêntica de identidade e resistência, como uma afirmação de vida em meio às adversidades.

Do anonimato das vielas ao palco global, o passinho encontrou seu caminho para o mainstream, ganhando destaque em clipes musicais, filmes e até mesmo na cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio em 2016. 

No entanto, suas origens humildes permaneceram por muito tempo obscurecidas, relegadas à margem da história cultural.

Quer conhecer mais sobre essa dança? Continue lendo para desvendar as origens do passinho!

A história do passinho: como a dança urbana se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro

A história do passinho tem origem nos confins das comunidades cariocas ao longo dos anos 2000. A dança foi moldada pelos bailes funk, tendo evoluído de um movimento local para um fenômeno cultural reconhecido internacionalmente. 

O estilo é um híbrido de diversos estilos de dança, incluindo o breaking, frevo, samba e capoeira. Ou seja, inegavelmente brasileiro em sua raiz. 

Em meio às batidas pulsantes do funk carioca, os dançarinos apresentam toda sua destreza em forma de velocidade e coordenação impressionantes dos pés e pernas. 

Dos morros cariocas para o mundo

A ascensão do passinho das margens para o centro das atenções começou com o grupo Imperadores da Dança, liderado por Anderson Santana, o Baianinho, da favela do Jacarezinho. 

Ao incluir o passinho em suas performances e participar de batalhas em diferentes comunidades, o grupo demonstrou o poder da dança como uma ferramenta de pacificação e ajudou a divulgar o estilo para além das fronteiras das favelas.

A partir de 2006, o estilo começou a ganhar destaque, à medida que os vídeos das competições começaram a circular pela internet. Em 2008, o lançamento viral “Passinho Foda” consolidou a dança como um fenômeno cultural.

A superação do preconceito

Como surgiu em meio às festas de rua e bailes funk da periferia carioca, o passinho foi muito associado à criminalidade em sua origem, sendo recebido com certo preconceito, mesmo no meio artístico.

Contudo, logo ficou claro que o passinho era uma alternativa saudável para a vida dos jovens da periferia. Agora, eles poderiam “passar o tempo” se dedicando à dança, em vez de entrar para o mundo do crime ou se envolver com narcóticos.

O passinho teve uma ascensão meteórica na cultura brasileira, na esteira do trabalho de artistas e grupos de dança que, com talento, criatividade e dedicação, impulsionaram a evolução e a disseminação dessa dança.

A lista inclui o trabalho dos grupos Dream Team do Passinho, Magnatas do Passinho, Imperadores da Dança e muitos outros.

A chegada do passinho ao mainstream

Em 2009, o poder público promulgou uma lei estadual que reconheceu o passinho como movimento cultural e proibiu a discriminação desse estilo de dança.

Além de legitimar o passinho como uma forma de arte digna de ser preservada, o reconhecimento também oferece oportunidades para o desenvolvimento e promoção dessa expressão cultural.

Com a nova lei, novos movimentos para a popularização do passinho se espalharam pelo Brasil, como a iniciativa do produtor Julio Ludemir, que criou a Batalha do Passinho em 2011.

A disputa chamou a atenção do cineasta Emílio Domingos, que produziu um documentário sobre a dança, ampliando o interesse popular em torno do tema.

O sucesso foi tamanho que a dança foi apresentada em eventos oficiais por todo o planeta. Um grupo de dançarinos comandado pelo próprio Julio Ludemir brilhou no encerramento das Paralimpíadas de Londres, em 2012.

De Beyoncé às Olimpíadas: o mundo se rende ao passinho

No ano seguinte, em turnê pelo Brasil, a cantora Beyoncé surpreendeu o mundo inteiro ao dançar o passinho no palco do Rock in Rio, causando frisson.

Em 2016, a consagração. O estilo de dança que surgiu nos bailes funk teve destaque na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio e se firmou de vez entre as danças populares brasileiras. 

Hoje, a história do passinho é reconhecida por sua importância social e artística. A dança urbana, aliás, é considerada Patrimônio Cultural Imaterial a níveis municipal e estadual no Rio de Janeiro. 

Artistas como MC Kevinho, Anitta e Ludmilla incorporaram o passinho em suas músicas e videoclipes, amplificando ainda mais sua visibilidade.

As letras também evoluíram, muitas vezes com mensagens de superação e empoderamento que reverberam especialmente entre os jovens periféricos.

A história do passinho: como é a dança?

O passinho é uma dança de movimentos rápidos e ágeis dos pés, muitas vezes acompanhados pelo balanço veloz da cintura. 

O estilo combina elementos do break e do funk com ritmos tradicionais brasileiros, como o samba, frevo e capoeira. Ao contrário de coreografias predefinidas, o que vale é o improviso dos dançarinos em resposta à música.

Embora existam alguns passos básicos de referência, não há uma definição rígida de “certo” ou “errado”. Essa flexibilidade dá aos dançarinos a liberdade de interpretar os movimentos de maneiras diversas

Além disso, pode chamar a atenção o foco dos dançarinos em seus próprios pés. Embora pareça que eles estão olhando para o chão, o olhar fixo não denota inexperiência, e sim um estilo próprio da dança. 

“Passinhos” regionais: as variações da dança pelo Brasil

Uma das características mais belas do passinho é a sua liberdade de criação, permitindo que os dançarinos imprimam suas próprias nuances e seus estilos a cada apresentação. 

É assim que surgem inovações como o Passinho do Romano, criado por Magrão da Vila Romano em São Paulo, uma fusão improvável de black music e forró que cativou o Brasil e além.

No Recife, a dança ganhou um toque de brega-funk, dando origem à variação Passinho dos Maloka, enquanto em Belo Horizonte surgiu o Passinho Malado, uma versão mais rápida.

As críticas que envolvem o passinho

O passinho, como qualquer manifestação cultural, não foi isento de críticas ao longo de sua história.

Muitos debates sobre sexualização, letras de cunho machista e a participação de crianças em eventos movimentaram a cena cultural, exigindo reflexões críticas e engajamento social.

Todavia, não restam dúvidas de que, em meio à dura realidade das favelas, onde a violência, a pobreza e a falta de oportunidades muitas vezes reinam, o passinho surge como um farol de esperança. 

História do passinho: as melhores músicas de funk para dançar

A história do passinho caminha de mãos dadas com o funk, um dos ritmos mais populares no Brasil. As batidas aceleradas do estilo combinam perfeitamente com os movimentos rápidos e certeiros dos “crias” que arrasam no passinho.

Se você quer se juntar a esse movimento cultural, não deixe de conferir o conteúdo que preparamos sobre coreografia de funk, com as melhores músicas para arrasar na pista de dança!

coreografias de funk