Não Precisa Ser Amélia

A Voz da Resistência em 'Não Precisa Ser Amélia'

A música 'Não Precisa Ser Amélia', interpretada por Bia Ferreira, é um manifesto contemporâneo que aborda a luta das mulheres, especialmente as negras, contra os estereótipos e as opressões históricas. A letra inicia com uma metáfora de busca por iluminação e orientação em um caminho escuro, simbolizando as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na sociedade. A artista pede por uma 'luz' que a ajude a enxergar e seguir adiante, evidenciando a busca por direção e sentido em meio a um contexto de incertezas e desafios.

No decorrer da canção, Bia Ferreira destaca a importância da voz feminina e da representatividade. Ela canta pela mulher silenciada, pela jovem da periferia que sofre violência e pela mulher negra que é objetificada. A artista reivindica o direito de todas as mulheres de ocuparem espaços públicos e privados, de trabalharem e de serem ouvidas. A referência à 'Amélia' é uma crítica à canção de Mário Lago e Ataulfo Alves, que enaltecia a mulher submissa e dedicada apenas aos afazeres domésticos. Bia Ferreira rejeita essa imagem e incentiva a liberdade de ser quem se é, sem se prender a padrões impostos.

Por fim, a música faz um apelo à autenticidade e ao respeito às identidades. A artista enfatiza que não é necessário se enquadrar em um modelo de feminilidade para ser 'de verdade', e que a liberdade de escolha é essencial. No entanto, ela também alerta contra a apropriação cultural, ressaltando que não se pode simplesmente escolher ser 'preta, indígena' sem vivenciar as realidades dessas identidades, especialmente diante de estruturas opressivas como a polícia. 'Não Precisa Ser Amélia' é um hino de empoderamento e resistência, que celebra a diversidade e a força feminina.