Subindo o espigão

Modernidade e Desumanização: Uma Análise de 'Subindo o Espigão' de Betinho de Barros

A música 'Subindo o Espigão', de Betinho de Barros, é uma crítica poética e incisiva à urbanização desenfreada e à modernização que, muitas vezes, desconsidera o impacto humano e ambiental. A repetição do verso 'Vai subindo a construção do espigão' não apenas enfatiza o crescimento constante dos arranha-céus, mas também sugere uma inevitabilidade e uma falta de controle sobre esse processo.

A letra menciona a substituição de palacetes por construções modernas, simbolizando a perda da beleza arquitetônica e histórica em favor do progresso industrial. O 'projeto ousado de cimento e aço' que 'agride o espaço' reflete a invasão da natureza e do espaço urbano por estruturas frias e impessoais. A música também aborda a crise econômica e social, onde até mesmo edifícios que antes eram símbolos de luxo agora enfrentam a desvalorização e o desinteresse.

Além disso, a canção critica a tecnologia desumanizante através de metáforas como 'Babás de 15 watts de saída' e 'O garçom é um botão', que ilustram como as relações humanas estão sendo substituídas por interações mecânicas e superficiais. A referência ao 'filho artificial' obtido ao 'ligar uma chave' é uma poderosa imagem da perda de autenticidade e da crescente artificialidade nas relações e experiências humanas.