Galos, Noites e Quintais

A Saudade e a Mudança em 'Galos, Noites e Quintais'

A música 'Galos, Noites e Quintais', composta pelo cantor e compositor brasileiro Belchior, é uma obra que transita entre a nostalgia e a transformação pessoal. A letra reflete uma época de simplicidade e alegria, contrastando com um presente de perdas e mudanças. No início, o eu lírico rememora um tempo em que sua visão de mundo era mais doce e menos dolorida, simbolizada pela referência ao 'bagaço de cana do engenho', uma metáfora para a infância ou juventude em um ambiente rural ou mais próximo da natureza.

O segundo verso traz a imagem do eu lírico como parte integrante da natureza, 'alegre como um rio', 'um bicho, um bando de pardais', e a presença de 'galos, noites e quintais', elementos que evocam um passado idílico e uma vida em harmonia com o ambiente. A repetição da palavra 'quando' reforça a ideia de que esse tempo já passou. A mudança de tom na música ocorre com a chegada de um 'tempo negro', uma fase mais sombria que trouxe consigo experiências negativas, simbolizando a perda da inocência ou a chegada de tempos mais difíceis.

Apesar das adversidades, o eu lírico declara que não é mudo e que hoje canta 'muito mais'. Essa afirmação pode ser interpretada como um ato de resistência e expressão, sugerindo que, embora a felicidade possa ter sido comprometida, a capacidade de se expressar e a força criativa permanecem intactas. A música, portanto, fala sobre a resiliência e a capacidade de encontrar uma voz mesmo diante das transformações e desafios da vida.