Imortais e Fatais

A Profundidade e Rebeldia em 'Imortais e Fatais' de Baco Exu do Blues

A música 'Imortais e Fatais' de Baco Exu do Blues é uma obra que transita entre a reflexão crítica e a autoafirmação. Baco, conhecido por suas letras que misturam poesia, crítica social e elementos da cultura afro-brasileira, utiliza metáforas e referências mitológicas para expressar sua visão de mundo e sua posição enquanto artista no cenário musical contemporâneo.

No início da canção, Baco fala sobre a coragem e a glória, trazendo uma crítica aos que se escondem atrás de suas próprias inseguranças, comparando-os ao Marquês de Sade, conhecido por suas práticas e escritos libertinos. A menção a Ícaro e Pegasus sugere a aspiração de voar alto, de alcançar o sucesso, mas também o perigo de se aproximar demais do sol e se queimar, uma alusão ao mito grego. A referência ao Cérbero, o cão de três cabeças da mitologia grega, pode simbolizar os desafios e obstáculos que o artista enfrenta.

A música também aborda a questão da identidade negra e a luta contra a opressão histórica. Baco faz uma conexão entre o passado de escravidão do povo africano e a busca por liberdade financeira e criativa nos dias atuais. A 'lei áurea' mencionada na letra não é apenas a lei que aboliu a escravidão no Brasil, mas também cada verso que ele escreve, representando a libertação através da arte. A repetição do verso 'Me ame, mas se ame primeiro' ressalta a importância do amor próprio antes de buscar o amor dos outros, enquanto a parte final da música desafia padrões de beleza e estereótipos, incentivando o ouvinte a se valorizar como é. 'Imortais e Fatais' é um hino de resistência, autoestima e reconhecimento da própria força e valor, características marcantes do trabalho de Baco Exu do Blues.