La Ultima Curda

A Melancolia no Tango de Anibal Troilo

A música "La Ultima Curda", interpretada pelo renomado Anibal Troilo, é uma expressão profunda da melancolia e do desencanto com a vida, elementos frequentemente explorados no tango argentino. A letra da canção fala diretamente ao bandoneón, instrumento icônico do tango, personificando-o como um companheiro de infortúnios e confidente das dores do eu lírico. A 'última curda', ou a 'última bebedeira', simboliza o momento final de embriaguez, onde as máscaras caem e as verdades mais dolorosas vêm à tona.

O eu lírico descreve a vida como 'uma herida absurda' e efêmera, sugerindo que a busca por significado muitas vezes termina em desilusão. A bebida aparece como um refúgio, um meio de atordoar a dor e de enfrentar as lembranças de um amor perdido. O bandoneón, com seu 'rezongo lerdo' (lamento lento), é o veículo pelo qual o eu lírico expressa seu desalento e sua busca por esquecimento. A música evoca a imagem de um bar sombrio, onde as histórias de fracasso e perda são compartilhadas em meio ao álcool.

A canção termina com um pedido para que o bandoneón ajude a fechar as cortinas do coração, sugerindo um desejo de isolar-se do mundo e de suas dores. A referência ao 'sol' que arrasta seu 'lento caracol de sueño' (lento caracol de sonho) reforça a sensação de tempo arrastado e de uma realidade que se deseja evitar. "La Ultima Curda" é um retrato da alma do tango, onde a tristeza e a beleza se entrelaçam na dança da vida.