Selva

A Dança dos Opostos em 'Selva' de ANAVITÓRIA

A música 'Selva' da dupla ANAVITÓRIA é uma composição que explora a complexidade das relações humanas através de metáforas e referências filosóficas e científicas. A letra inicia com a imagem de uma selva iluminada, que pode ser interpretada como um cenário de vida e energia, mas que logo é contrastada com a memória de uma luz mais autêntica e pessoal, 'a luz que era a tua e não elétrica'. Esse jogo de luzes sugere uma saudade de algo mais genuíno e menos artificial, talvez um amor ou uma conexão humana perdida.

A canção segue com a descrição de um diálogo entre os opostos, onde um fala em 'papo quântico' e o outro observa com 'olho míope', indicando uma diferença de percepção e entendimento entre os dois. A tentativa de 'caber na tua matemática' pode ser vista como um esforço para se adaptar ou compreender a lógica do outro, mesmo que isso pareça difícil ou impossível. A música também questiona a efemeridade da vida e das experiências, perguntando 'Quantos encontros cabem numa vida?' e refletindo sobre a continuidade da existência, apesar das mudanças e das incertezas ('Mundos vão ruir / Curas vão surgir').

Por fim, 'Selva' aborda a dinâmica entre crenças e dúvidas, entre o místico e o cético, e como essas diferenças podem coexistir em um relacionamento. A 'praia cética' e a 'onda mística' representam essas visões de mundo divergentes, mas que ainda assim encontram uma maneira de se relacionar e criar 'pontes sobre amores líquidos', uma possível referência ao conceito do sociólogo Zygmunt Bauman sobre a fluidez das relações modernas. A música de ANAVITÓRIA, portanto, é um convite à reflexão sobre a diversidade de experiências e perspectivas que compõem a vida e os relacionamentos humanos.