Deserto Dos Ossos
Tiago Gasta
Tanta coisa acontecendo que da medo
A justiça entalada e a desgraça enlatada
Vendendo mentiras, essa pouca vergonha na televisão
Eu odeio e digo sem medo
Essa profana ilusão
Banquete dos desgraçados
Parasitas nervosos do meu sangue capital
Mas a carne é fraca meu irmão
A boca estourada da camada de ozônio
Vomita uma tempestade da descrença
Garganta abaixo, nos desertos dos ossos
No rabo da preguiça, inocência arrombada
Estupro do não.
Já não há mais o que salvar
Nesse trem desenfreado
Que o motor não enguiça
Fazer o que?
Se no meu quintal
Jaguatirica, a onça pintada
Espanta urubu e vigia a carniça.
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