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morte do ego (part. Cush)

sonhos tomam conta

O rio lavou a carne de todos que pediram perdão
Mas a minha não
Minhas mãos estão sujas de todo sangue jorrado em vão
E pra sempre estarão

Minha lápide anuncia a água que entrou em meu pulmão
Que correu por sua mão
Para nunca encontrar a paz que me foi prometida
E morrer sem ter saída
Essa é a minha sina

Eu fico preso em memórias involuntárias
De um passado perdido que não volta mais
E procuro pelos destroços algum rastro de quem eu sou
Se ainda sou humano, ou só mais um fantasma que se perdeu no caminho do inferno
Pelo menos estaria morto

No caminho pra casa, tudo paralisa
O suor gelado em minhas mãos se petrifica
E a ideia de mim não existe mais
Sou levado pelas folhas e pelo vento
Pra repousar, em silêncio
Quando a realidade voltar

Num instante, tudo volta ao normal
O barulho dos carros me acorda de um devaneio paradoxal
E o pânico me consome por inteiro
E quem eu sou, novamente esqueço
Sou só o caos
Em que estou submerso

Eu sou o caos que estremece o meu corpo
Eu sou o caos que ensurdece meus ouvidos
Eu sou o caos que estilhaça minha pele
Eu sou o caos que me consome

Se eu pudesse arrancar minha pele
Com certeza já o teria feito
E empalado meus órgãos internos
Pra sangrar sobre o meu leito

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