Vento da Pua
Mano Lima
Querendo só que não posso, porém, só que não queira
Mas não é assim quando o assunto é pobreza, sou filho e neto de pobre
E bisneto de pelado não preciso documento tá na estampa esse atestado
Então vivo me mudando na espera de melhorar
Acho que carrega as traia e a maleza vai ficar
Mas é a primeira que embarca sem ninguém lhe convidar
É minha fiel companheira que jamais a vai me deixar
Eu me mudei pra são Tiago na espera de melhoria fui eu e a minha mulher
E um cusco na carroceria, levei um porquinho guacho que era a fortuna
Que eu tinha e uns trocados no bolso pra o frete e a estadia
Quando cheguei em são Tiago ficou pior a situação o porco tinha escapado
Quebrou as pernas do fogão e os móveis de compensado tudo acocado no chão
E o cusco tava enforcado na guarda do caminhão
A mulher foi cozinha e triste ela me diz o porco que tu carnio
Não tem mais nem os perniz o camioneiro apreçado pra ajudar descarregar
O que não tinha quebrado ele terminou de quebra cheguei
Olha pruma forquilha dum gaio de Camboatá
Mas a esperança do pobre nunca pode terminar
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