Amuleto do tempo
Kayenga Campos
Ah! Se eu achasse um amuleto do tempo
Nos primeiros instantes voltaria aos 12
À flor da minha adolescência
E ajustaria as minhas escolhas
Precipitadas e inconsequentes
Talvez assim libertaria aquelas mãos atadas e indolentes
Graças aquela personalidade servente e inocente
Ah! Se eu achasse um amuleto do tempo
Daria uma volta nos primórdios da minha mocidade
Que por falta de seriedade e identidade
Deixei por tola autossatisfação oportunidades passarem
Sem a menor preocupação
Ah! Se eu achasse um amuleto do tempo
Desta vez, daria sim aquela proposta excepcional
Aquilo sim turbinaria a minha vida profissional
Embora ainda assim precisaria de muito mais
Que acordos para estar abordo no navio dos vencedores
Se eu achasse um amuleto do tempo!
Iria reconfigurar aqueles planos não planejados
E de natureza inconcretizável
Que deixaram-me hoje na eminência
De fazer parte do livro dos sem futuro
Mas quer saber?
Eu nego terminar deste jeito infrutífero
Em contraste a minha realidade despida
Esforço-me a estruturar
O contra-ataque ao futuro incerto
E remover das minhas ideias
A hipótese de achar um amuleto do tempo
Para deletar as loucuras do passado
Que enfiou-me neste precipício
Porque a verdade crua e nua
Realista e perfeccionista
É que amuletos do tempo
Meus amigos, não existem
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