Veintidós

Vinte e dois

Veintidós

Vinte e dois e nenhum doce
Veintidós y ningún caramelo
Cabisbaixos, serenando esse duelo
Cabizbajos, serenando ese duelo
De emoções que anseio expectante
De emociones que ansío expectante
Convidado a passear pelo chão
Invitado a pasear por el suelo

Vinte e dois não se somam, se juntam
Veintidós no se suman, se juntan
Para brindar pelo mal verdadeiro
A brindar por el mal verdadero
Caminhantes de praças fechadas
Caminantes de plazas cerradas
Do amor entre arquibancadas
Del amor entre gradas
Com olhar às cegas
Con mirada a lo ciego

Já sabia que vinte e dois são efêmeros
Ya sabía veintidós son espuma
São amigos do passageiro
Son amigos de lo pasajero
Os conselhos do velho ressoam
Los consejos del viejo resuenan
E evocam distantes meus companheiros
Y evocan lejanos a mis compañeros

Do que restou, ficou o perdido
De lo que quedó, quedó lo perdido
O Gordo foi embora entediado
El Gordo se fue de aburrido
Alguns por distração
Alguno por distraído
E outros por falta de atenção
Y otro por falta de atención

Do que restou, ficou o vivido
De lo que quedó, quedó lo vivido
Poucos são os amigos fiéis
Pocos son los fieles amigos
Os demais são de ocasião
Los demás son de ocasión
Vinte e dois e o mundo servido
Veintidós y el mundo servido
Que o destino se aproxima
Que arrima el destino
Pelo balcão
Por el mostrador

Quase amor, quase tudo é consolo
Casi amor, casi todo es consuelo
Esforçados por serem os primeiros
Esmerados por ser los primeros
A acender essa mecha falsa
En prender esa mecha farsante
Com a qual os sonhos foram tecidos
Con la que se tejieron los sueños

Por ficção realidades se inundam
Por ficción realidades se inundan
A paixão, o cheiro de algo novo
La pasión, el olor a algo nuevo
A mentira piedosa, o espanto
La mentira piadosa, el asombro
A noite em que o pó
La noche en que el polvo
Apagava os zeros
Borraba los ceros