UNA
Irene Bertachini
Nasce o céu, muda o tempo alvorada
Cai o véu e a manhã nasceu dourada
Lá fora o meu guri sorri e vem brincar
Vem descobrir o dia e o Sol
Zombar do ar, se levantar
Duro o chão, perde a boca na janela
Riu a mãe, o moleque ri banguela
Guri, saudade, liberdade quis chegar
E nela me prender e me soltar
Voo incerto
Os pés confundem
O céu e o chão
O tempo, a dor
Seu caminhar
Corre o Sol, corta o vento, revoada
Déu em déu, vem chegando a namorada
Aqui sinto vontade do meu chão, meu lar
À terra um grão repousa, recai, germinará
Arde a tarde, venta e cheira a enxurrada
Barro quente, terra boa, pé na estrada
Pra dentro onde encontra o cio a festejar
Um coração rebenta em mim
Dorme o céu, Lua nova, Lua aurora
Meu guri sonha simples, o Sol arvora
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