NA'VI
Henrique Mendonça
Onde se escondem?
Onde adentram as raízes
De uma ávida tão triste
Angustia?
Como uma estrela se viu
Em cima do mar se ouviu
Trombetas
Faróis
Um mau presságio que caminha do horizonte
A tempestade em calmaria se consome
Se até as andorinhas cessaram o cantar
Tão disforme está a Lua
Onde será que estavam
Meus pensamentos, semanas atrás
Quando incessantemente queria saber mais
De onde vinha aquilo, som, ruído
Tudo o que
Fazia-nos imaginar
E pensar
A sonhar com um futuro melhor
Mas como um pesadelo era tudo pior, muito pior
Meus pés descalços incomodaram suas botas vis
O que era seu lar
Hoje vê queimar
Quem me deu vida
Agora jaz escrava
Em nossas gargantas seu linguajar
Algo tão difícil de dominar
Pois tão fácil e simples se tornou falar amar, amar
Tribo, meus pais, tudo
Cruzes, grilhões, torturam a dor
A floresta
Não é mais
Sagrada
Onde os deuses se convergem
Em uma só voz rogando
Em aflita entonação: Amor!
Posso ouvir a sua voz
Implorando por amor
Desde as águas até o céu
Tão amargo quanto o fel!
Constelações se unirão
Brilhando com resplendor
Os gritos da natureza
Da Terra
Jamais estarão sós
Nunca mais
Ma Na'rìng alor, mì Na'rìng lu tsngawpay
Awnga leym, lereym san, Ma Eywa!
Gritos, gritos!
Há um sorriso
No rosto de quem ganha
Há gemidos e feridos
Impiedosa barganha
Isso me atrai e me assusta
Como é possível tanto avanço e cultura
Será que o homem com o passar dos anos
Vai se tornando mais tirano?
Então diga-me qual é o peso de um pecado?
Por que pra alguns ele é somente ignorado?
Esse amor que tanto pregam será desprezado
Enquanto formos seus escravos
Ouro e glória
Levantemos as tochas
Brindemos à vitória
Contra a Terra
E foi nesse dia que a mãe natureza com cólera extrema assim evocou
Toda a sua ira e os céus se abriram tremendo os homens com muito terror
Então nesse dia os astros vieram para receber os prantos de uma mãe
Que clama por filhos que outrora se amavam mas já não são como irmãos
Será que é pedir muito?
Quando os deuses se entristecem
Contra criações rebeldes
Devastados gritam em terror
Posso ouvir a sua voz
Implorando por amor
Desde as águas até o céu
Tão amargo quanto o fel
Constelações se unirão
Brilhando com resplendor
Os gritos da natureza
Da Terra
Jamais estarão sós
Nunca mais
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