Desce desse galho em que te escondes
Sai desse céu sem ninguém
Onde não vês luz nem horizontes
Onde não vês nada além
Pára de ficar rolando tempo
Lamentando e alimentando dentro
A ferida do tormento
Também sei a dor de que te poupas
Sim, o mundo é cruel
Mas eu te pergunto, com que roupas
Vai contracenar o teu papel?
Pára de ficar rolando o tempo...
Da cilada má, dá trama e a rede
Que destino armou pra ti
Tu fizeste a cama, o colchão e a parede
Do teu próprio quarto de dormir
Pára de ficar rolando o tempo...
Já não há o que, de que com que
Que te resguarde
Joga a tua carta, enfim
Antes do acaso arder, antes que tarde
Antes do verão ter fim
Não vou prosseguir nesta toada
Não vou insistir, dizer mais nada
Deixe que te diga o vento
Pára de ficar rolando o tempo...

Composição: José Miguel Wisnik