Eu tenho, nos olhos, a imagem do gado
E o rosto marcado da poeira do chão
O braço curtido do cabo do arado
E o laço tatuado na palma da mão
Eu tenho motivos, de campo e cavalo
Que eu penso e não falo, pra não contrariar
Mas, pra que o meu filho não herde os meus calos
Caí nesse pealo, pra vê-lo estudar

Os muros e grades nos deram abrigo
Se é prêmio ou castigo só o tempo dirá
Mas esta saudade que mora comigo
É de lá!
Vem de lá!
Mastigo o silêncio das minhas verdades
Que outras verdades trouxeram pra cá
Porém o motivo da minha saudade
É de lá!
Vem de lá!

Eu tenho saudade dos medos antigos
Dos velhos perigos que o tempo revoga
Aqui basta um filho sair com amigos
E eu quieto maldigo esse medo das drogas
A mãe ouve a moto e se vai do meu lado
Num passo apressado dizendo ter sede
Da cama eu avisto seu vulto ajoelhado
Com os olhos pregados na cruz da parede

Os muros e grades nos deram abrigo
Se é prêmio ou castigo só o tempo dirá
Mas esta saudade que mora comigo
É de lá!
Vem de lá!
Mastigo o silêncio das minhas verdades
Que outras verdades trouxeram pra cá
Porém o motivo da minha saudade
É de lá!
Vem de lá!

Composição: Miro Saldanha