Vaga-Lumes
Miro Saldanha
Este ano, os vaga-lumes vieram cedo,
Qual lanternas de brinquedo soltas pelo ar;
Clareando a noite escura, pra espantar os medos
E enfeitando os arvoredos, quando tem luar.
Este ano, os vaga-lumes vieram cedo,
Pelos campos e varzedos, a vagalumear.
Minha alma está pulsando na ponta dos dedos,
Ponteando meus segredos pra quando eu voltar!
(Quero saudar os tropeiros, pelas tardes longas,
Juntar os parceiros pra pontear milongas
Ao pé dos braseiros, nas noites de lá!
Quero ensinar pra as sementes o que é saudade,
Que a gente só entende quando chega a idade
E descobre que sente desde que era piá!)
Quero rever os pesqueiros da velha lagoa;
Descer o rio, de canoa, e ver onde vai dar;
Matar sede de saudade bebendo água boa;
Ver a garça quando voa e quando vai pousar!
Quero grilos e guitarras no mesmo queixume;
E as estrelas com ciúmes, vendo o céu no chão!
Depois, volto à velha luta, como de costume,
Esperando os vaga-lumes pra mais um verão.
(Quero saudar os tropeiros, pelas tardes longas,
Juntar os parceiros pra pontear milongas
Ao pé dos braseiros, nas noites de lá!
Quero ensinar pra as sementes o que é saudade,
Que a gente só entende quando chega a idade
E descobre que sente desde que era piá!)
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