A Causa e o Pó
Lenine
A dureza real de quem é pedra
Que a volúpia do atrito lapida
Esse brilho tenaz que quase cega
É ventura do ventre da ferida
Quem dirá, migalha de sol
Que o brilho é teu apogeu,
Se ofuscado no caldo das estrelas
O brilho se perdeu?
Sou de estrelas a causa e o pó
Sou de estrelas e só
Do ser ao pó, é só
Carbono
Solene, terreno, imenso
Perene, pequeno, humano
Natureza tão solida de tinta
Que o frágil atrito transporta
Esse risco voraz te faz faminta
E a rasura te move em linha torta
O contraste será troféu
Que teu risco alinhavou
Ou vestida mortalha das estrelas
O risco se apagou?
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